O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou um homem pela agressão a um casal gay durante o carnaval do ano passado na República, no centro da capital . De acordo com a TV Globo, a decisão saiu na segunda-feira (23). Na sentença o juiz Marcelo Matias Pereira diz que o crime teve motivação homofóbica. “Deve-se reconhecer que os delitos cometidos pelo acusado foram motivados por razões homofóbicas, sabendo que as vítimas constituíam casal”, diz o magistrado.
Em 22 de fevereiro do ano passado, o casal Guilherme de Oliveira e Bruno Nakazaki, de 29 e 26 anos, saiu da boate Zig Duplex, voltada ao público da comunidade LGBT, na Rua Araújo, por volta das 23h. O casal caminhava em direção ao Metrô República, quando decidiu parar para urinar na rua. O agressor, Jeferson José da Silva, e outras duas pessoas os agrediram com socos e uma “rasteira”. Guilherme chegou a ficar inconsciente e teve traumatismo craniano. Ele ficou quatro dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Bruno, seu namorado na época, teve escoriações leves.
De acordo com a decisão do juiz, a autoria das agressões é incontestável, o que foi confirmado pelas imagens das câmeras de segurança do local. O agressor alegou que foi ofendido pela vítima, no entanto, as imagens mostram que Guilherme olhava o celular quando recebeu a primeira agressão.
O agressor foi condenado por lesão corporal a um ano e dois meses de reclusão no regime semiaberto, podendo recorrer em liberdade. Ao jornal SP 2, da TV Globo, a mãe de Guilherme, Márcia Oliveira, disse que, pela gravidade da agressão, a família considerou a pena pequena. No entanto, Márcia ressaltou que a decisão “é um alento e faz com que nós tenhamos uma esperança ainda na Justiça brasileira”.
“O Brasil é um país extremamente hostil para a comunidade LGBT, perceptível pelas estatísticas assombrosas que revelam a profusão de crimes cometidos por motivos homofóbicos”, diz parte da sentença. A defesa do acusado diz que não vai comentar o caso. O repórter Fábio Turci diz na reportagem que o juiz se refere à homofobia como “uma epidemia”.