Não é de hoje que o canal CNN dá voz à convidados que fazem um desserviço com suas falas em debates. A rede de notícias foi alvo de críticas mais uma vez na quarta, dia 08, ao colocar no ar afirmações do jornalista Leandro Narloch sobre gays e HIV. Durante o programa Live CNN ele afirmou que a comunidade homossexual no país é mais propensa a ser soropositiva, causando revolta nos espectadores. O programa falava sobre a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) de revogar a proibição de doação de sangue por homens que transam com outros homens após determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que julgou a restrição discriminatória.
O comentarista ainda se equivocou ao se referir a condição sexual como “opção sexual”, termo em desuso nos dias de hoje. “A mudança, na verdade, é pequena. Ela vai restringir mais a conduta, e não o tipo de pessoa, a opção sexual [sic] do indivíduo. Toda essa polêmica começou porque, não há dúvida disso, os gays, os homens gays, eles têm uma chance muito maior de ter Aids, né? Em 2018, uma pesquisa mostrou que 25% dos gays de São Paulo eram portadores de HIV” disse.
Não é o que aponta a pesquisa. De acordo com o estudo, de 2018, realizado a pedido do Ministério da Saúde, após testes de HIV terem sido realizados em 3.958 homens de 12 capitais, o vírus foi detectado em 18,4% dos exames (em São Paulo, a taxa foi de 24,8%). No total, 75% dos entrevistados afirmaram fazer sexo apenas com homens. O próprio Leandro questionou o que havia acabado de dizer, mas sustentou a ideia de que gays tem mais chance de contrair HIV. “Mesmo que esse número seja exagerado, e de fato ele parece mesmo exagerado, o fato é que é dezenas de vezes maior, maior a chance do que na população geral”.
“A questão é que outros critérios para exclusão já restringem os gays que têm comportamento promíscuo, né? A regra como estava agora, ela estava muito injusta com os gays, por exemplo, que se cuidavam, que faziam sexo protegido ou então que tinham um parceiro só durante toda a vida. E se você simplesmente fizer uma regra, como já existem em vários hemocentros, que exclui as pessoas que têm muitos parceiros sexuais, ou sexo sem camisinha, você já retira todo o problema. Então aí é uma pequena mudança e, sim, muito boa” argumentou.
Essa não é a primeira vez que o jornalista, autor do livro ‘Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil’, causa polêmica na CNN. Ele já afirmou anteriormente que 25% das mortes registradas por coronavírus no Brasil tiveram outras causas.
@CNNBrasil mostrando como não se fazer jornalismo, a começar pela grafia na chamada do assunto, “descisão”. Segundo pelos comentários completamente infundados de gays são mais promíscuos e com maior probabilidade de contrair HIV. Vergonha!!!! #CNN #CNNLixo @PhelipeSiani pic.twitter.com/ik3mXr4JVL
— Alessandro Polo (@AlePolo) July 8, 2020
HOMOFOBIA
— Estamos juntes! ❤️🏳️🌈✊🏾✊🏼✊🏽 (@zuaohenrique) July 8, 2020
Em um momento bizarro e triste da TV brasileira, o comentarista Leandro Narloch, da CNN Brasil, deu um show de ignorância enquanto falava sobre a liberação da doação de sangue por homossexuais.
Em uma… https://t.co/kuUU6dbGn3
Sobre a “polêmica” de que a incidência do HIV entre gays é maior. Vamos aos números. Entre 2007 e 2019, 248.520 pessoas (homens e mulheres) se infectaram no país pelo vírus a partir de relações sexuais. Destas, 105.014 eram LGBT+. Isso representa 42% do total
— Pedro Figueiredo (@pedfig) July 9, 2020
Leandro Narloch direto dos anos 80.
— Pedro Monte Kling (@montekling) July 8, 2020
Imbecil. https://t.co/iLuewoevqa