Morto por covid-19, médico sonhava em adotar dois filhos com o marido

Danilo David Silva foi mais um integrante da linha de frente morto pelo coronavírus no Brasil. O profissional, de 32 anos, trabalhava na UPA no Rio de Janeiro e estava internato no Hospital Escola de Valença, onde morreu na manhã de domingo, dia 10. Dias antes de apresentar os primeiros sintomas do Covid-19, ele havia entrado em contato com três pacientes infectados durante um plantão de emergência.

Antes de ser entubado, ele havia enviado uma mensagem para uma amiga. “Meus pacientes precisam de mim, logo na semana que vem já tenho que ir salvar pessoas. Fico olhando aqui desse lado e só penso que eu poderia estar do outro lado ajudando”. Dona Francisca das Chagas, mãe de Danilo, contou ao portal G1 do Pará que o médico  nasceu e cresceu em uma casa de palafita na periferia de Belém. Ela trabalhou a vida inteira como manicure e diarista para ajudar nos estudos do filho. “Lutou, lutou, lutou. Morreu na profissão, se contaminou na profissão, morreu trabalhando”.

Aos 16 anos, passou em três faculdades, Enfermagem, Ciências Biológicas e Engenharia Ambiental. Escolheu enfermagem, mas seu sonho mesmo era estudar medicina. Quando conseguiu passar na UEPA, ele foi fazer residência em psquiatria no Rio de Janeiro. Morando na capital fluminense, conheceu Gilberto, com quem viviam desde 2015 e tinha um sonho do adotar duas crianças. Danilo mandou mensagem por um dos enfermeiros quando estava internado “Fala com o Gilberto que eu já volto, e quando voltar vamos antecipar a Liz e o Gabriel”.

Em 2017 ele foi destaque no programa Encontro com Fátima Bernardes. Na atração, Danilo contou um episódio de racismo que sofreu um hospital público do Rio. Um homem o olhou e disse que não gostaria de ser atendido por Danilo, porque ele era “crioulo”. “Como aquela pessoa estava numa situação de emergência médica eu tive o discernimento e a ética de dizer para ele o seguinte: ‘você não tem condições de dizer quem vai te atender’” relatou ele na época.


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