A Advocacia-Geral da União entrou nesta quarta-feira (14) com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para esclarecer o alcance do julgamento de junho do ano passado que decidiu enquadrar atos de homofobia e transfobia como crimes de racismo. As informações foram divulgadas pelo portal G1. Os representantes da presidência querem saber se a lei atinge a liberdade religiosa dos brasileiros. A medida não restringe pregações, desde que não haja um discurso de ódio.
A AGU ainda quer saber se a lei atinge a divulgação em meios acadêmicos, midiáticos ou profissionais de toda e qualquer ponderação acerca dos modos de exercício da sexualidade, o controle do acesso a determinados lugares abertos ao público (como banheiros, vestiário, transporte público) ou ainda objeções por motivo de convicção filosófica ou política.
O ativista LGBT, advogado e especialista em Direito Constitucional Paulo Iotti se manifestou sobre o assunto no seu Instagram denunciando o “golpe” vindo da AGU de Bolsonaro. “É inacreditável. Advocacia-Geral da União pediu ao STF que permita discriminação religiosa não se qualifique como crime de racismo homotransfóbico. Chegam ao ponto de querer o pseudo “direito” (sic) de controle de acesso de espaços a pessoas LGBTI+ em espaços como VAGÕES, BANHEIROS etc. Fingem aceitar o dever de intolerância para, numa linguagem bonita, pedirem o pseudo “direito” de serem intolerantes” denunciou.
Em junho de 2019, o Supremo equiparou atos de homofobia e transfobia ao crime de racismo, ao reconhecer omissão do Congresso Nacional para criminalizar atos atentatórios a direitos fundamentais dos integrantes da comunidade LGBT. Com isso, quem praticar, induzir ou incitar a discriminação por causa da orientação sexual do outro pode ser condenado a três anos de prisão e multa, pena prevista para o crime de racismo, que pode chegar a até cinco anos. O STF deve responder a solicitação dos representantes do Governo Bolsonaro nos próximos dias.
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